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Relato do parto natural da Maya – Filha da Camila Lins

parto natural Maya - família lins

Relatos de parto sempre são inusitados. Cada mulher tem a sua experiência única e por isso eu gosto tanto de ouvir e ler essas histórias. A Camila enviou seu relato e eu não conhecia a história dela, mas lendo pude observar a sua força e determinação na luta pelo nascimento natural da Maya. Somos mulheres, somos fortes e somos parideiras também!

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Leia a história do nascimento natural da Maya, maneira escolhida por Camila e apoiada  pelo seu esposo.

NASCIMENTO DA MAYA – Nasceu com 3.670 kilos e 49 cm.

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Preparação para o parto natural, depende de cada mulher

  1. Contratar uma doula, excelente escolha, pois alivia a dor e passa total segurança aos pais.
  2. Preparar-se psicologicamente. Pois é, como faz isso?! Conversando e lendo bastante sobre o assunto e focando que “parto doi e demora horas”, se for rápido “bacana”, mas foque no pior.
  3. Conversar com diferentes pessoas que passaram por este momento.
  4. Visitar a maternidade.
  5. Seu marido tem que estar 100% confiante nesta decisão, assim estarão definitivamente juntos nesta batalha.
  6. Acreditar e acreditar!

DIFERENÇAS ENTRE PARTOS

Parto Normal: são utilizados procedimentos de rotina para a sua realização, tais como: tricotomia (raspagem dos pelos), punção venosa e administração de ocitocina, rompimento artificial da bolsa, parto na posição da mesa ginecológica, excesso de manuseio perineal durante o período expulsivo, manobra de Kristeller, etc.

Parto Natural: é sem intervenções medicamentosas, ou seja, é parir no seco, igual antigamente.

LOCAL DO NASCIMENTO: Box do banheiro com a água desligada. Eu sentada no banquinho, tipo cadeira de criança, meu marido atrás, Doula na minha frente e enfermeira fazendo o parto sentada igual índio. Detalhe: com uma lanterninha e um espelho espiando os movimentos da Maya (cena engraçada).

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ME TORNEI MÃE

Iniciaram dia 03/02 (Sexta-feira) em Ubatuba às 19:45, fui buscar o Joma que estava surfando, falei a novidade, e começamos a contar o tempo e o intervalo das contrações para verificar se não era alarme falso. Estavam de 5 em 5 minutos. Antes de viajar, precisava tomar um banho, no meio da chuveirada veio a contração, comecei a chorar, meu marido chegou e eu disse “Amor eu tenho certeza que é a nossa filha, é ela!” e ambos choraram de muita emoção – momento único! Todos queriam saber quando eu definitivamente iria me tornar mãe, já que na gravidez não tive esse instinto todo, mas ali no chuveiro, junto com o meu marido e as contrações, ME TORNEI MÃE.

CHAMA A DOULA

Fomos para Jaraguá, jantamos no Subway, já que não sabíamos quando eu poderia me alimentar de novo. Tive uma contração em frente a atendente, que perguntava sobre minha gravidez. Fomos dormir por volta de meia noite e às 2h da madruga comecei a sentir a contração mais forte, dormia, sentia dor, acordava, dormia de novo, foi assim até 6h, quando o Joma comunicou a Doula Elaine que era para valer, Maya estava vindo! Às 7:30h, a dor veio com tudo, e pedi com vontade: – “Joma, chama a Doula!!!”.

KAMASUTRA

Pelas 10:30H, a Elaine conversou com o Joma, sugerindo que fossemos para o hospital, pois as contrações tinham pouco intervalo e a dor já era muito forte. Às 11h fomos para o hospital, no carro eu fui sentada no colo da Elaine, pois assim me aliviava mais. Às 14h chamaram a enfermeira e prepararam o quarto para o nascimento, na hora pensei “Já?! Que ótimo, foi melhor que eu imaginava”. Comecei a fazer força e nada, para resumir a história, fiquei neste período expulsivo, onde já conseguiam ver os cabelos da Maya, mas nada além disso, das 14h às 18h – 4 horas!!!!.

Tentei todas as posições possíveis, quase estava pegando o livro do Kamasutra para ver se tinha esquecido alguma (cócoras, no banquinho, de quadro, na cama, de pé). Eu dizia: “Maya vem, sua mãe está cansada”. Meu pensamento era “não acredito que passei por tudo isso e daqui a pouco vão dizer que vou ter que ir pra cesárea”.

O PARTO

Nascimento: Estávamos naquele vai não vai umas duas horas, meu marido (me contou depois) que ele só pensava: “cadê o médico, ele não vem aqui dar um “remedinho” pra acelerar esse troço!!!”. Ele comentou que tinha que se conter para não passar insegurança para mim, mas que já estava bem preocupado.  

Então, por volta de 18h, a enfermeira e a Elaine me deixaram com o Joma, cochicharam no canto e logo voltaram, a Enfermeira falou: “ vamos fazer a Maya vir!”. Após algumas tentativas, e a cada uma os três me incentivando a fazer mais força, a Enfermeira disse: “Camila, essa vai ser a última força, então puxa todo o ar, e pode gritar”, pensei “ela falou mesmo para eu gritar, é isso mesmo, ai que delicia, deixa comigo” – e foi “aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa” e a Maya saiu! Hahahahahahhaha.

Porém a “pequena” estava de olhos fechados, não chorou e comecei a ficar preocupada, perguntei “porque ela não está chorando, o que está acontecendo?” e a enfermeira bem calma: “ela também sofreu no parto, calma, está tudo bem”, fizeram uma rápida massagem na barriga e logo abriu os olhos e nosso mundo também se abriu. Joma estava chorando, bem lindo, e dizendo “você é forte”.

A enfermeira quis me entregar a Maya e eu disse “não”, só conseguia chorar de emoção, estava cansada, fiquei com receio de não conseguir ter forças para segura-la nos braços, logo em seguida eu disse “Amor, não estou rejeitando a nossa filha, eu amo ela, mas preciso descansar”, e ele dizia “tudo bem, está tudo bem” e eu repetia. Estava exausta! Então, graças a uma enfermeira muito bem estudada e humana, consegui ter a pequena Maya às 18:23, ela fez uma manobra, que rompeu uma membrana que estava impedindo a passagem da Maya e assim facilitou o nascimento da mais nova surfista do pedaço. Maya nasceu linda, saudável e cabeluda.

Depois que Maya foi levada para fazer os primeiros procedimentos, nós ficamos ali pois tinha o “surgimento da placenta”, achei até que iria demorar, mas 1 segundo depois veio a tão famosa citada pela doula. Eu disse, quase gritando “Joma não olha, Joma não olha”, ele deu risada e respondia que não estava olhando. Depois a enfermeira perguntou para a doula se nós não queríamos ver a placenta pois era uma questão “cultural”, ela achava que éramos estrangeiros, e vai que a placenta era algo “do mal”. Achei engraçado essa conclusão!

BENÇÃO

Contratar a Elaine foi uma grande benção, o mais importante é a gestante permitir-se ser cuidada, pois é basicamente esta a função dela, além é claro de nos dar todas as informações, esclarecer os procedimentos, ser o filtro entre nós e o hospital e principalmente orientar o meu marido de como estar inteiramente comigo no parto. Ponto de reflexão: quantas vezes usamos a palavra “inteiramente” né?! Essa é uma bela definição do que meu marido representou para mim na “partolândia” (palavra usada quando a mulher entra profundamente no mundo do parto, nas dores das contrações e esquece tudo lá fora).

Seguir o coração e encontrar pessoas boas. Quarto compartilhado do SUS com a mesma estrutura do particular, a única diferença é que tem duas camas. Tive a honra e a alegria de estar com um casal que estavam no terceiro filho. A moça nos deu muitas dicas de amamentação. Até que nos dois dias que ficamos compartilhando experiências, a Maya estava chorando desesperadamente e eu comecei a me desestabilizar, queria chamar a enfermeira e falava pro Joma “o que ela tem?!”.

Minha parceira de quarto perguntou se nós não queríamos que ela amamentasse, acaso não nos importássemos, por um curto momento os dois ficaram pensando e eu questionei “mas será que ela vai me querer, vai perceber diferença?”, e ela respondeu “não, claro que não”. E assim tivemos nossa “Ama de leite” por 1 vez. Vocês precisavam ver a Maya mamando, agarrava nela e desfrutava todo aquele leite. Ficamos só observando a cena, satisfeitos!

Depois de ouvir o choro de sofrimento da sua filha, chorar junto, não saber o que fazer. Quando dormir, sentir uma mãozinha em seu braço lhe fazendo carinho, como quem diz “estamos juntas nessa!”. No hospital eu e Maya tínhamos que dormir na mesma cama, segundo a instituição era pela falta de espaço para colocar berços, então procurei dormir afastada, tinha receio de pegar no sono e esmaga-la, mas no primeiro dia de vida ela já dava um jeito de encostar no meu corpo.

Descobrir alguns dias após o nascimento, que o nome do meio da enfermeira que fez o parto é “Maia”.

 

Episódios engraçados

Toda vez que tinha uma contração, a Doula pressionava meus quadris para aliviar a dor (muito bom!) e uma hora estava deitada na cama do hospital e fui me contorcendo quando…….cai da cama com tudo. Imagina uma grávida despencando do alto – madeiraaaaaa. Eu até queria rir, mas estava com dor e não saiu o sorriso. Mas a Elaine não se conteve e deu aquela risada de “caracas o que foi isso!”, até duas enfermeiras apareceram para ver o que tinha acontecido naquele quarto das “loucas”.

Igual ao pai: cabelo escuro, gosta de TV, olhos grandes e escuros, no meio do choro faz aquele barulho com o nariz.

Igual a mãe: pés grandes, assustada (balança e ergue as duas mãozinhas), concentrada (tem foco quando mama – hehe) e sensível (caiu uma lágrima em mim quando ela fez uma pega errada no meu seio e falei um “aiiiiiiiii”, na hora ela parou de chorar e me olhou cheia de cumplicidade).

SUS e Parto Natural: Depois de tudo que aconteceu percebi que não tive muito apoio para ter parto natural e ainda mais pelo SUS, mas estranho é que só saquei depois que tudo passou, acho que estava tão concentrada e focada que era o mais certo para mim, que não percebi. Brinco com a minha mãe que ela, minha família e penso que até muitos amigos achavam que eu estava fazendo “voto de pobreza”, mas nunca iria colocar a saúde da minha filha em risco.

Elogios pós parto natural: O melhor de tudo é ouvir, depois de parir, váaarios elogios que eu sou: guerreira, forte, uma mulher corajosa – diversas vezes e por inúmeras pessoas. E o ego só infla.

 

Escrito por: Camila Ziolkowski Lins

Apoio de: Jomaley Moba Lins

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Graças a: Maya Ziolkowski Lins

 

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