Vestuário, higiene, alimentação, cama, banho, quarto, passeios e a própria mãe devem estar contemplados na…
Relato do parto humanizado e hospitalar de Suellen e Esther
Hoje temos participação especial aqui no blog. Um relato lindo de um parto estudado, idealizado, cautelosamente planejado e incrivelmente abençoado! Eu já tinha ouvido a Suellen relatar o seu parto e por isso pedi para que ela escreve compartilhando e incentivando a mais mulheres a conhecerem os benefícios de um parto normal, que é possível que ele seja humanizado mesmo sendo hospitalar. O nascimento da Esther foi através de um parto humanizado e hospital.
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Eu me emocionei ao ler o relato delas e espero que mais uma vez, seja inspiração!
Relato do parto humanizado e hospital Suellen
Era 14 de agosto, domingo do dia dos pais. Perto de 23h estava fazendo uma flor de EVA para decorar o quarto da Esther quando sinto cólicas fracas, como as que antecedem a menstruação. Elas não tinham intervalos ou duração definidas, eram apenas um desconforto leve. Como já havia sentido pródomos algumas semanas antes, não dei muita atenção. Vou dormir em torno de 1h30. Acordo na madrugada de segunda-feira 4 vezes para ir ao banheiro, o que não era comum pra mim, mesmo com aquele barrigão. Acordo sempre com incômodos leves no baixo ventre e uma vontade intensa de urinar, como se a bexiga estivesse muito cheia, porém saem somente algumas gotinhas. Penso logo que viria uma infecção urinária, que tinha de repetição antes de engravidar.
As 06h30 vou ao banheiro novamente e percebo a perda do tampão mucoso no papel, uma meleca sanguinolenta e espessa. Envio mensagem à minha doula e à enfermeira que me acompanharia no trabalho de parto para avisá-las. Sou orientada que não necessariamente seria um sinal de que o parto se aproximava, contudo pedem que eu monitore e as mantenha informadas. Não consigo mais dormir e durante toda a manhã sinto algumas dores leves e espaçadas, mas ainda sem ritmo. Aproveito para continuar o artesanato, ouvir músicas e relaxar.
Próximo ao meio-dia sinto uma dor de barriga com diarreia. Neste momento lembro-me que havia lido que muitas mulheres também sentiram isso próximo ao início do trabalho de parto e começo a ficar esperançosa (e ansiosa). Mais ou menos 12h45 as cólicas ficam mais frequentes, mas ainda de fraca intensidade. As meninas que me acompanhavam sugerem um banho relaxante. Vou pro chuveiro, fico curtindo o barrigão e conversando com Esther. Após o banho as cólicas param por mais de duas horas e confesso que senti até um certo desânimo.
As 14h sou avaliada pela primeira vez pela enfermeira obstétrica, meu colo ainda está grosso e com 2 cm de dilatação. Conversamos por horas, e tenho apenas uma contração durante o tempo que ela ficou comigo. Recebo a visita da amiga Djani, que traz umas roupinhas para a Esther. Ficamos papeando e sinto algumas contrações leves no meio do nosso bate-papo, que já são suficientes para a Djani ficar desesperada querendo me levar pro hospital. Rsrsrs
Meu marido chega do trabalho e as 19h resolvemos sair para caminhar até a casa da minha mãe. As contrações ficam mais intensas e aparecendo mais ou menos a cada 10 minutos. Vamos até a casa dela, jantamos, e voltamos para casa de carro, pois as dores já estavam mais fortes.
Havia decidido que pararia de trabalhar no dia 17 de agosto, na quarta, quando entraria na 37ª semana de gestação, porém resolvo desmarcar os clientes de terça e quarta-feira por precaução. Fico até tarde terminando de fazer a flor da decoração e vou pra cama em torno de 1h30.
As 3h30 da terça-feira, 16 de agosto, acordo com dor moderada e ficar na cama não é mais confortável. Acordo o João e vamos para a sala. Sento na bola de Pilates e fico sentada rebolando. As vezes fico de joelhos no chão, em quatro apoios e abraçada na bola, pois são as posições em que me sinto mais confortável. No intervalo das contrações, troco mensagens com minha doula, que já havia deixado tudo preparado caso Esther quisesse chegar em breve. Envio mensagem ao grupo do condomínio informando que estava iniciando meu trabalho de parto, que talvez teriam alguns barulhos e uma movimentação estranha no prédio.
A chegada da doula
As 4h20 solicitamos que Elaine venha, pois as dores estão ficando mais intensas. Ela chega as 5h30, e arruma o ambiente com aromatizador e velas, conforme havíamos combinado. O sentimento era de relaxamento e segurança no aconchego do meu lar.
Mais ou menos 6h45 as contrações começam a ficar com intervalos mais curtos (menos de 5 minutos entre elas e com duração de 1 minuto em média). Na hora das dores abraço João ou Elaine, recebo massagem com óleo na lombar e carinho nos ombros. Elaine foi essencial nessa hora, pois me abraçava e respirava profundamente no meu ouvido, me lembrando de trabalhar a respiração. Ela também tenta colocar uma bolsa de água quente na lombar, mas não me sinto bem e peço para tirar. No intervalo das dores ainda aproveito para enviar mensagens às minhas amigas para avisar que Esther está chegando. João me prepara um lanche com água de côco e isotônico. Como, mesmo não tendo apetite. Ando pela casa, e em meio a risos fazemos tatuagem na língua com pirulito em formato de urso! :)
As 8h Elaine sugere que eu vá para o chuveiro. Deixo a água quentinha cair direto na lombar e uso o rebozo (um lenço mexicano) que minha doula amarrou na esquadria do box, como apoio nas contrações e permaneço ali por uns 30 minutos. Enquanto ainda estou no chuveiro Lilian chega. Lembro-me do seu caloroso abraço e das palavras de incentivo, que fizeram com que me sentisse ainda mais forte. Ela faz as primeiras avaliações dos sinais vitais e o toque mostra colo com 5 cm. Saber disso me traz muita motivação!
Vou até a sacada com Lilian e vejo o lindo sol que nos presenteia. As dores estão mais intensas e vocalizar ajuda a internalizar minhas energias e amenizar o desconforto. Lilian e Elaine vocalizam comigo em meu ouvido e me sinto super apoiada. João coloca algumas canções do Vineyard no computador para tocar, sento na bola e ali ficamos louvando durante algum tempo. Essa cena será inesquecível pra mim!
Em torno de 10h fizemos mais uma avaliação e colo está com 7 para 8 cm. Segundo o plano de parto que havíamos feito antecipadamente, seguiríamos para a maternidade neste momento, porém decido ficar mais um pouco em casa. Finalmente sinto que estou preparada para ir, e as 10h30 partimos para o hospital.
Na maternidade
Chegamos à maternidade onde prontamente passo pela triagem. Na sala de espera as pessoas mostram-se ansiosas por me verem em trabalho de parto, oferecem que eu passe na frente e comentam entre eles, embora eu não ouça nada, pois estou muito tranquila e focada em trazer minha pequena ao mundo.
A obstetra do plantão nos recepciona e digo à ela que estou com dores desde domingo. Ela diz que provavelmente são contrações de treinamento, pois se fosse trabalho de parto, já teria nascido, mas que me avaliaria mesmo assim. Ao fazer com o toque não esconde a surpresa, pois segundo ela, estava muito tranquila para quem estava com 8cm de dilatação. Rsrsrs
Sou internada às 11h, chegando à sala pré-parto coloco o avental da maternidade e peço a bola, onde permaneço sentada a maior parte do tempo. Meu marido entrega meu plano de parto à equipe, que recebe com respeito. João e minha doula ficam comigo todo o tempo. Entre as contrações tenho momentos de grande cansaço e cochilo diversas vezes apoiada na cabeceira da cama.
Elaine sugere que eu use a grade, uma escadinha para alongamento, porém reluto, pois a bola se tornou minha grande amiga. Em determinado momento João me guia até a grade e eu correspondo, pois a partolândia já toma conta de mim e ele tem aqueeele jeito de me dobrar, quando quer. Fico lá por um tempo, mas retorno pra bola. Nesse momento sinto um grande desgaste e falo algumas vezes em desistir, achando que não daria conta. João e Elaine me motivam a continuar, mas às vezes capricham na cara de paisagem diante da minha desistência. Rsrsrs
As 14h vou pro chuveiro. Nesse momento cessam as dores e iniciam os puxos, uma vontade intensa de fazer força, como se algo me puxasse para baixo. É um momento impressionante, onde tudo que queremos é expulsar aquilo que está descendo, não conseguimos lutar contra essa vontade. Não hesito em gritar e apertar o braço da minha doula no momento dos puxos. Lembro-me de perguntar: – Estou te machucando? Ela somente sorri e balança a cabeça negativamente.
Peço avaliação clínica às 14h20, que é feita no cavalinho no próprio banheiro pelo médico plantonista. Meu colo está com 9 cm. As 14h40 os puxos ficam ainda mais intensos e frequentes, e peço que chamem o médico novamente. Saio do chuveiro e volto pro leito. Neste momento o Dr. é chamado para uma cesariana de emergência, sendo substituído pela Dra. Mariana Godoi.
O nascimento da Esther
Sou avaliada por ela e meu colo apresenta 10 cm de dilatação. Dra. Mariana, com um sorriso no rosto pede que eu toque e sinta a cabeça do bebê já no canal de parto. Coloco a mão e sinto algo semelhante a um balão. Neste momento cai a ficha de que a hora havia chegado e que faltava muito pouco para ter nossa filha em nossos braços. Um misto de ansiedade, medo e felicidade tomam conta de mim.
A médica (que já havia lido meu plano de parto) pergunta se quero parir na vertical e confirmo que sim. Ela pergunta se quero que tragam a banqueta até ali ou se quero ir para a sala de parto. Eu respondo: – Traz… Em seguida: – Não, deixa que eu vou (já não consigo mais raciocinar) – Espera, traz! Rsrsrs. Após decidir finalmente que iria, as 14h45 sigo andando para a sala de parto.
Preparam o banquinho de parto, onde colocam um campo sob ele para eu sentar. Sento e fico um pouco incomodada com o avental. Alguém me pergunta se quero tirar e numa fração de segundos eu arranco e fico a vontade. João senta em um banquinho atrás de mim, com suas pernas abertas e eu me apoio nele. Dra. Mariana puxa a escadinha de subir na maca e senta a minha frente. Minha doula fica de frente comigo, de cócoras e as enfermeiras de pé logo ao seu lado.
Perguntam se quero que a luminosidade da sala seja baixada e peço que sim, desligam então algumas luzes e fecham um pouco a persiana da janela. A médica me orienta a fazer força somente nos puxos. Como minha bolsa não havia rompido, Esther corria o risco de nascer empelicada (dentro da bolsa). A equipe do plantão nunca tinha visto um parto de bebê empelicado, por isso, meu parto seria a grande atração do dia, vários profissionais passavam e davam uma espiada curiosa.
A vontade vem e começo a usar toda minha energia para trazer Esther ao mundo. Alguns puxos depois, sinto uma ardência grande… É o tal círculo de fogo. Dou um grito: – Círculo de fogo! Ouço risos tímidos na sala. João diz que foi meu grito de guerra. Rsrsrs.
Na hora lembro-me das palavras de Lilian: – Quando sentir o círculo de fogo, não faça força, relaxe e deixe que a bebê volte, em seguida faça força e deixe voltar novamente. Dessa forma você massageia o períneo e evita que tenha uma laceração muito grande. E faço exatamente como sugerido. Sinto nos puxos, Esther colocar o pezinho embaixo das minhas costelas e se empurrar para baixo, é incrível!
De repente faço uma força comprida, e sinto como se expelisse um grande melão. Sim, é essa a sensação! A Dra. apara meu períneo e sai a cabeça de Esther. Que loucura, quanta adrenalina nesse momento! Em seguida mais um forcinha e ela vem, como se deslizasse. São 15h pontualmente! Dra. Mariana a apara, a bolsa estoura e ouço: – Pega ela mamãe! Instintivamente abaixo e a pego em meus braços.
Neste momento o mundo pára de girar… Não vejo ninguém, não ouço mais nada, parece que somos apenas eu e ela. Ela vem agitada e chorando, a música mais linda que Deus compôs até ali. Olho pra ela movida por ocitocina, derramada em lágrimas e com voz rouca: – Oi, filha! Oi, meu amor!
A melhor sensação do mundo
Ficamos ali curtindo nosso momento e sentindo aquele cheirinho de filhote, que queria poder guardar em um pote para sempre! Havíamos pedido no plano de parto que gostaríamos de esperar o cordão parar de pulsar antes de clampear.
A médica nos respeita e alguns minutos depois e cordão já está branquinho. Como também era de nosso desejo, João corta o cordão. Em seguida entregam Esther para o papai enquanto subo no leito para fazer a sutura (dois pontos) de uma pequena laceração. Peço para que João traga ela pertinho de mim.
Começo a cantar: “[…] Você mudou a minha história, e fez o que ninguém podia imaginar, você acreditou e isso é tudo, só vivo pra você, não sou do mundo, não. A honra, a glória, a força, o louvor a Deus. E o levantar das minhas mãos é pra dizer que te pertenço, Deus”. Ela pára de chorar e não consigo segurar as lágrimas.
Saio andando da sala de parto para a sala de recuperação, assistida pela equipe de enfermagem. Colocamos Esther para mamar já nos primeiros minutos de vida e em seguida João a leva para pesar e medir. Logo em seguida vamos para o quarto e 24h depois ganhamos alta.
Parir Esther foi sem dúvida a experiência mais intensa e transformadora que já vivi até hoje. Foram sensações indescritíveis e de grande emoção. Ela veio da forma como planejamos e sonhamos, naturalmente, sem intervenções desnecessárias, saudável e rodeada de amor e respeito.
Esther Carolina de Souza chegou ao mundo às 15h de uma tarde agradável e ensolarada, dia 16 de agosto de 2016, pesando 3,130kg e 45cm, através de um parto vertical, natural e humanizado, no Hospital e Maternidade Jaraguá na cidade de Jaraguá do Sul – SC. Foi concebida e gestada por 37 semanas e 4 dias pelos papais João Haroldo de Souza Filho e Suellen Cristina Costa de Souza.
Sou uma mulher que acredita em Deus desde criança. Sempre sonhei em casar e ter filhos. Sou esposa e mãe, apaixonada por leitura e culinária. Founder do Mamãe & Cia.
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