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Riscos e cuidados com a prática de futebol na infância

Médico da Seleção orienta sobre idade, prevenção a lesões e necessidade de hidratação

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O futebol é o esporte mais popular entre as crianças brasileiras. Seja nos campos de várzea, nas escolinhas de esporte ou no colégio, a atividade é uma das preferidas e mais encorajadas pelos pais assim que a criança dá os primeiros passos. Mostrar familiaridade com a bola e talento para jogadas é um grande estímulo que leva à tentativa de profissionalização dos pequenos atletas. No entanto, a prática pode significar riscos para a saúde quando não são observados os devidos cuidados.

Segundo o ortopedista especialista em joelhos e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, João Hollanda, a prática da atividade física é importante mesmo na infância e deve ser incentivada, com precauções e acompanhamento dos pais. Jogar bola é uma das formas de manter a criança em atividade, mas conforme os menores crescem, mais cuidados precisam ser tomados.

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“Até aproximadamente 8 a 10 anos de idade, os riscos da prática de futebol são relativamente baixos, devido ao aspecto mais lúdico e recreativo do jogo. A partir dessa idade, a intensidade da ‘brincadeira’ se acentua e os choques entre os jogadores passam a ser mais violentos, de forma que o risco de lesões também aumenta.”

Diferença de tamanho aumenta risco

Uma das questões advinda do crescimento das crianças é a diferença de tamanho entre jovens da mesma faixa etária. A partir dos 8 anos entre as meninas e dos 10 anos entre os meninos, algumas crianças entram na puberdade, um período de rápido desenvolvimento corporal em que o jovem atleta cresce em altura, ganha massa muscular e o futebol se torna mais rápido e mais intenso.

“O problema é que as crianças não entram na puberdade todas ao mesmo tempo, de forma que um adolescente de 13 anos pode parecer uma criança e outra de 11 pode ter a aparência de um adulto. Isso impõe um desafio extra em esportes nos quais os contatos físicos entre os atletas são frequentes, como o futebol, já que o contato entre pessoas com estatura e porte físico muito diferentes aumenta significativamente o risco de lesões”, explica João Hollanda.

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Segundo o médico, nessa faixa etária, a técnica do futebol ainda não é tão apurada entre os pequenos atletas, o que aumenta o risco de traumas não intencionais, já que os jogadores têm menos consciência das consequências de uma jogada mais violenta. “Crianças nessa idade, principalmente aquelas de maturação física mais tardia, devem considerar adiar um pouco mais a prática competitiva do futebol. No ambiente escolar, é importante que se trabalhe o conceito do “fair play” entre as crianças, que significa jogo limpo,  a fim de que comportamentos de risco não sejam tolerados”, orienta o ortopedista.

Lesões comuns

No futebol como um todo, lesões traumáticas, especialmente os entorse do joelho ou tornozelo e, mais especificamente, as lesões do ligamento cruzado anterior, tornam-se uma preocupação mais clara, considera o médico. Ele lembra que esta é a lesão cirúrgica mais comum associada à prática do futebol.

As lesões de cabeça também são preocupações maiores, segundo João Hollanda. Devido à técnica menos apurada e a musculatura cervical mais fraca, crianças têm mais dificuldade de estabilização da cabeça e do pescoço, aumentando o risco de concussão, uma alteração fisiológica e não estrutural da função cerebral decorrente de um trauma na cabeça.

“A concussão no futebol pode acontecer em função do contato da cabeça com a bola ou do contato da cabeça com outros atletas, principalmente contato cabeça com cabeça. Esses choques são muito mais comuns em jogadas aéreas, de forma que é recomendável que crianças menores de 12 anos não realizem jogadas aéreas e cabeçadas, seja no treino ou em competição”, orienta o médico.

Hidratação

Considerado um esporte de alta demanda física, com movimentos repetitivos de aceleração e de desaceleração, o futebol pode impor um estresse significativo em relação à nutrição e à hidratação. O fato de ser praticado ao ar livre e sob exposição solar potencializa riscos com desidratação.

“Comparado com adultos, a criança desidrata mais rapidamente e tem menor tolerância à desidratação, de forma que alguns cuidados específicos precisam ser adotados. Idealmente, deve-se evitar o futebol nos dias de calor excessivo, especialmente nos horários mais quentes do dia”, considera João Hollanda.

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O médico também dá conselhos sobre o tempo dedicado à prática esportiva. “O tempo de jogo deve ser menor do que o de adultos, menor quanto mais jovem a criança e, por fim, as crianças devem ser estimuladas a pararem frequentemente para se reidratar. Cuidados com as vestimentas ou mesmo o uso de bonés devem ser considerados.”

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