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Relato do Parto Domiciliar da Lilian, nascimento do John

parto domiciliar da Lilian e nascimento do John

Meninas, hoje tem um relato de parto de encher os olhos com tanta imagem inigualável. A Lilian, é enfermeira obstetra e teve seu primeiro filho de parto cesárea. Estudou e acreditou que seu corpo foi feito para parir naturalmente. Contando com uma equipe de parto domiciliar extremamente preparada, resolveu explorar as possibilidades do seu corpo e o John nasceu em um ambiente aconchegante e recheado de amor.

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Parto Domiciliar da Lilian

partôlandia

Bebê: nascido dia 21/12/15   ás 07:10hrs       Peso: 3.640kg        comprimento:50cm

Local do nascimento: em casa      Idade gestacional: 41 semanas e 1 dia

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 Eu: Mãe, Enfermeira, Pós Graduada em Acupuntura e Obstetrícia, na maior parte do tempo me ocupo com meu Lar e Filhos, e outra parte trabalho com Parto Domiciliar em Jaraguá do Sul com a equipe Bem Querer de Joinville.

Pai: Trabalhou como Fisioterapeuta, Médico em formação e parceiro pra toda hora.

Irmão: Com toda energia que os três aninhos de vida lhe deu, querido e amoroso.

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Os pródomos

Eu havia tido um falso trabalho de parto duas semanas antes, no início de dezembro, meu marido e eu ficamos eufóricos naquele dia, eu sentia fortes contrações (contração não dói, mas ter a barriga contraída sem querer é desconfortável, rsrsrs…). Preparamos a casa, resolvemos deitar para esperar a evolução do trabalho de parto. Aquela noite serviu para nos avisar que a hora estava chegando, que o que eu senti eram os pródomos e que dormir com a cama forrada de plástico é nada agradável.

Ás 05:00horas do dia 20 de dezembro comecei a sentir dor em baixo ventre, tipo cólica mas diferente, uma dor suportável que não me incapacitava, só não deixava eu esquecer dela. Depois do almoço, tratei minha dor com técnica (moxabustão) acupunturítica e fui deitar. Não dormi, é claro, e por volta das 14horas sentada na cama as contrações pioraram, ou “melhoraram”, se intensificando e me deixando irritada porque não encontrava posição para me confortar e parar as contrações.

Chovia quando resolvi caminhar na rua próxima de casa que beira um rio, lugar com calçamento e grande movimento de carros. Mas vamos lá, pensei. Pegamos guarda-chuvas Maicon e eu, nosso filho Max ficou com minha mãe que mora ao lado. Caminhamos uns 20 minutos e as dores nas costas ficaram mais evidentes em seguida das contrações que pioravam, ou como já falei no ponto de vista de uma Enfermeira Obstétrica, as dores “melhoravam”.

O retorno dessa caminhada foi cruel, eu dava uns dez passos e lá vinha a dor nas costas, dor no baixo ventre seguido da contração que fazia eu parar, pegar na mão do Maicon e me curvar, pense na cena de baixo de um guarda-chuvas, e ainda reclamava dos lindos vídeos e fotografias de partos românticos que eu via. O retorno da caminha foi assim, parando, abraçando, reclamando, chovendo e parecia que minha casa tinha ficado muito mais distante do que 20 minutos.

O início

Chegando da caminhada, fui para o chuveiro, e aí as minhas idas e vindas á partolândia começaram. A ocitocina a todo vapor trabalhando em mim e me libertando de qualquer pudor ou alto controle. Meu corpo incontrolavelmente fazia eu me agachar nas contrações depois que o chuveiro aliviava a dor nas costas.

Meu marido abriu o box depois de uns minutos e, no meio de uma contração eu disse: “-Acho que estou querendo desistir”. Sim, eu pensei em desistir. E hoje o que eu suspeitava quando acompanhava os partos de outras mulheres, se confirmava em mim, o marido/acompanhante da mulher faz toda diferença para a mulher parir ou não, pois, Maicon respondeu: “- O que? Chegamos até aqui e não vamos desistir. Eu estou com você!” Depois de ficar feliz e cheia de coragem com a resposta dele, respondi: “Então não escuta mais nada que eu falar aqui pra frente”.

Sai do chuveiro enquanto meu marido e minha mãe arrumavam a casa e preparavam o Max para dormir, fui para bola de pilates até a hora que resolvi mandar uma mensagem de voz para a equipe de parto vir pra minha casa, isso era por volta das 20horas.

Se observar a mulher na hora do trabalho de parto faz um circuito repetitivo de movimentos e comigo não foi diferente. Eu ficava na bola suíça, recebia massagens do Maicon, depois ia para o banheiro sentava no vaso sanitário e pedia moxa para dor nas costas, perdi o tampão mucoso em um desses momentos, depois ia para o outro banheiro onde ficava agachada durante as contrações. Assim foi até perto das 24horas quando as minhas amadas colegas Enfermeiras Obstétricas ou parteiras modernas chegaram e me abraçaram, foi aí que me senti mais amor ainda com a Ana, Rosi e Eliana.

A preparação

Enquanto tudo era preparado como eu já sabia e tinha feito algumas vezes, piscina inflando, água aquecendo, chuveiro com extensor para agilizar o enchimento da piscina, reservar um espaço para avaliar o bebê recém nascido com aquecedor, aspirador, ambu, estetoscópio, oxigênio e tudo o mais que tem em uma sala institucional agora estava na minha casa pro meu filho receber a melhor assistência. Um pouco mais tarde chegava Camila pra registrar esse momento.

Eu bebia muita água, isotônicos, pouco chocolate e um tanto de pastelão entre as contrações e o meu circuito continuava e recebia os sorrisos aconchegantes, massagens, moxa, assistência á dinâmica das minhas contrações, evolução do meu colo uterino, batimentos cardíacos do bebê, penumbra, cheiro de anis estrelado e silêncio, tudo como eu havia pedido no meu plano de parto domiciliar.

Assim foi até ás quatro da manhã quando dormi dentro da piscina. E que hora boa foi aquela? Sentir a transição é tão maravilhoso quanto ver outra mulher na transição restabelecer as forças antes do expulsivo, é como dormir o melhor sono do mundo, porém, depois de uns quarenta minutos as contrações me acordaram com força total, as dores nas costas param e eu sentia o corpinho do meu bebê na parte mais baixa do meu corpo.

Fomos para o chuveiro com a banqueta de parto, penumbra, e eu via num fino espaço entre as portas do box o olhar carinhoso de uma das Enfermeiras me cuidando. Por volta das 06:30horas, quando rompeu minha bolsa e como eu já sabia, novas avaliações conforme protocolos, e eu achava que o John nasceria ali no chuveiro. Mudamos para a piscina e foi lá que meu corpo encontrou força total para ajudar o John sair de mim.

O nascimento de John

Minutos antes Max acordou eufórico, correu pro meu quarto dizendo que iria ajudar a mamãe na piscina, lembro bem dos olhinhos dele brilhando tanto.

Ajoelhada dentro da piscina com os cotovelos apoiados na borda, senti o tão famoso círculo de fogo, em seguida saiu a cabeça do John. Senti arder, outra contração e ele não saiu! Mas, na terceira contração ele veio ao mundo!!! Depois me virei, sentei e me acomodei para receber meu filho. Maicon ficou o tempo todo junto comigo e nessa hora minha mãe e meu irmão entraram no quarto com o Max no colo para receber o Johnzinho com muito amor, choro, sorrisos, ambiente quentinho aconchegante e com muito respeito.

Me alimentei, tomei sucos, John mamou, foi medido e recebeu toda assistência necessária e respeito ao que planejamos para chagada dele.

Para o fim, minha placenta demorou mais do que o previsto para sair, mas com tudo há seu tempo e com assistência adequada eu pari a placenta como deveria ser, não foi necessário suturar meu períneo, mas se fosse preciso eu sabia que estava em ótimas mãos (e sim, é utilizado anestesia local em caso de sutura).

Enquanto eu recebia os cuidados pós-parto, John era vestido pela primeira vez com todo amor pela avó dele. Meu irmão imprimia o desenho da minha placenta no papel na companhia do Max na cozinha e tudo corria maravilhosamente lindo e melhor do que eu esperava.

Por fim, tomei banho e passei um batonzinho para foto final com minha nova família, equipe amada e fotógrafa do coração. Toda preparação e informação foram importantes para me preparar física e emocionalmente para eu parir.

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Toda mulher consegue parir, basta se informar, acreditar em seu corpo, um marido/acompanhante que acredite nisso, e uma equipe humanizada.

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