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Como meu filho sobreviveu????

Pela idade o ano que relato é de 1997. Então a coisa não é tão antiga assim concordam?

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Meu filho tomou LM por apenas 15 dias: sou o tipo de mãe que não tem leite suficiente e logo acaba. Não sofri discriminação e nem fui tratada “diferente” por isso. Hoje não, a mãe que não pode ou mesmo que não quer por opção amamentar é criticada e quase apedrejada. Meu filho não tomou Nan 1 e sim leite de vaca com água com 15 dias.

Com 1 mês tomava uma vez por semana suco de laranja lima. Aos dois meses comia maçã raspadinha, pêra, gelatina e mingau de arrozina. Estávamos na época da “intolerâ ncia a lactose” assim como hoje se está na era do “refluxo”, ou seja, tudo era intolerância a lactose que os bebes daquela época tinha e hoje qualquer coisa é refluxo (salvo os casos em que foram feitos exames e comprovados). Dor de ouvido? É intolerância ao velho e bom leite de vaca…. Tiramos o leite de vaca e partimos para o leite de soja em pó sabor banana, chocolate ou morango.

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Por 3 anos meu filho não pode comer ou beber nada que tivesse leite de vaca (inclua brigadeiros, bolachas, sorvetes e tudo que esta à sua volta e que contenha leite). Um dia eu o peguei na escolinha tomando o Yakult da amiguinha. Quase enlouqueci… naquela noite não dormi e passei ai seu lado para ver a reação. Não houve reação. Ele dormiu normalmente. Fiquei apreensiva observando e após 5 dias relaxei. Ele me mostrou sozinho que não tinha a tal intolerância. E passou a tomar e comer tudo que lhe desse vontade.

Meu filho quando começou a gatinhar foi até o pote de ração da nossa cachorra boxer e comeu vários bocados. Desesperada liguei para minha mãe e ela me disse: “Fica fria que o máximo é ele gostar”. Meu filho rolava no carpete com a cachorra com 1 ano de idade. Renite? Vermes? Nada disso.

Aos dois anos exatos ele aprendeu com as primas gêmeas. (4 anos mais velhas) a mergulhar na piscina de 1,5 m de profundidade. Ninguém sabia, mas as meninas estavam ensinando. Um belo dia cheguei lá e ele de maio me disse “Mãe olha o que eu sei fazer” e correu em direção à piscina e meu coração parou, não conseguia gritar um não desesperado. Ele mergulhou de um pulo e levantou a cabeça batendo os pezinhos e se mantendo a tona. Ele aprendeu a nadar sem bóias, aulas de natação, toucas protetoras e tapas-ouvido.

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Ele brincou muito: na escolinha brincando na gangorra o amiguinho desceu antes e ele perdeu um dentinho da frente de leite. Por 3 anos ficou “banguelinha”. Brincando na área de casa com água e detergente ele se jogava como peixinho e conseguiu com 2,3 anos 7 pontos na testa. Aos 4 brincando de cavalinho em um boxer mega grande que cuidava da chácara de minha mãe, ele caiu e torceu o pé o que lhe rendeu um gesso ate o joelho. Era para ser 5 semanas. Com 3 eu mesma cortei o gesso para ele poder correr livre de novo e seus pés e joelhos são perfeitos.

Meu filho tem dentes saudáveis o que lhe garante UMA visita anual à dentista que na verdade é sua prima: assim nas festas de final de ano ele revê a turma e aproveita para passar pela profissional. Ele tomou por 1 ano antibióticos fortíssimos devido a uma infecção no ouvido que nunca sarava e a causa era a tal intolerância a lactose. Não tem cáries e ama chicletes até hoje! Sua infecção de ouvido curou quando uma velha amiga da família (velha mesmo, com mais de 70 anos) colocou um macerado de balsamo – uma folhinha verde e gordinha, em seu ouvido. Depois ela esquentou azeite na colher com uma lasquinha de alho e quando estava morno pingou nos dois ouvidos. Aquela noite meu filho dormiu por 16 horas seguidas e eu verificando sua respiração, pois ele não passava de duas horas dormindo e acordava chorando com a dor terrível que é a dor de ouvido. Antes disso havia feito 2 lancetagens (limpeza interna do ouvido) com um profissional renomado de um hospital de São Paulo: vendi o carro para pagar o tal tratamento que nunca deu certo.

Meu filho cantou “atirei o pau no gato” e ama os animais. Não pode ver um gatinho… Ele e as primas uma vez esconderam 17 gatinhos nos fundos da casa sem que ninguém desse conta por uma semana. Não tem toxoplasmose e nunca pegou sarna. Tomou vários banhos de chuva e pulou nas sarjetas de água lamacentas. Não teve frieira entre os dedos.

Chupou sorvete com dor de garganta o que lhe rendeu uma pneumonia. Mas aprendeu e depois tomava sorvete quando não estava gripado. Mas pegou várias gripes e resfriados: tantos que parei de contar na 21º…. E sempre tomou sorvete escondido com as primas, suas companheiras de artes. Descobri isso anos depois. Meu filho não ia à pediatra desde um ano exato: parei, pois era particular e caro. No SUS nã o dava conta da fila. A cada seis meses dava vermífugos que minha mãe indicou e deu para seus filhos. Não teve reação.

Este ano, com 13 anos fizemos um check-up e levamos a sua última visita ao pediatra: dessa idade em diante pediatra é “mico”. Todos os exames e nenhum verme, sangue perfeito, urina ok e por ai vai. Foi virado do avesso e nada encontrado. Saúde perfeita.

Ver televisão? O meu cansou de dormir com ela ligada… Atualmente ele teve uma “crise” de adolescência – em minha opinião bobolescencia. Um ciúmes do irmão mais novo, já que foi filho único por 12 longos anos. E todos admiravam que por ser filho único e ter vários brinquedos, games e outros não era mimado, mal educado e sempre soube usar “com licença, por favor, e obrigado”.

Preocupada mandei-o a psicoterapeuta: ela me chamou e lá fui eu preocupada. “Mãe, seu filho só quer sua atenção de volta. Ta louco para sentar e contar suas aventuras”.dediquei novamente algumas horas por dia para ouvi-lo. Feito isso, melhorou tudo. Aos poucos claro e não da noite pro dia. Mas quem de nós não se rebelou na adolescência: pintar cabelo, fazer tatuagem, usar brinco, pixar paredes, roubar flores, pular janela para ir a festinhas? Eu fiz e sou tão feliz por isso!

Não se pode dar um tapinha na mão da criança: chame o ECA (uma Eca mesmo……) tem mãe “espancando” o filho. Bendita as surras que levei, malditas que caíram no chão. Não sou revoltada, não odeio meus pais bem ao contrário: amo-os de paixão! Trabalhar cedo? Aos 13 anos fui fazer serviço temporário no final do ano em uma loja. Tomei tanto gosto que nunca mais parei de trabalhar e tenho 39 anos. Estudava e arrumava servicinhos de meio período, sem carteira mesmo. Comprei minha mobílie sozinha! Hoje seria trabalho infantil e isso é crime.

Minha mãe foi poucas vezes na escola em que eu estudava: isso era raro e significava que eu estava em péssimos lençóis. Nunca minha mãe tirou a autoridade da professora ou diretora. Levei alguns cascudos da professora Natália no segundo ano primário: aprendi a me organizar, ser pontual com meus trabalhos. Não morri e nem ela foi presa por perder a paciência com essa aluna relapsa que nunca levava os materiais e tarefas.

Agora me pego lendo que não se dá NADA além do leite materno, nem água! Não se engrossa o leite, pois engrossante faz mal. Sucos, chás e papinhas antes dos seis meses? Pobre mãe que se aventurar a perguntar neste fórum: vai chover todo tipo de intempéries, algumas bem grosseiras. Tomar chuva? Andar descalço? Sorvete à vontade nas férias? Rolar com seu cachorro na grama?Cantar “atirei o pau no gato”? Prendam essa mãe! Coloquem-na distante do filho, ela não tem condições de criá-lo. Chamem os direitos humanos, direitos dos animais, direitos da. da….. Da que mesmo? Qualquer um desde que façam algo pelo “bem “ dessa criança. E lendo todos os “Nãos” que dizem, fico me perguntando: Como meu filho sobreviveu ?
Para as mães que ficam se sentindo culpadas por não conseguirem seguir o “itinerário de como ser a mãe da era 2000” imposto – sim, imposto e cobrado pela sociedade: criem seus filhos com amor, religiosidade e educação. Um dia ele vai criar asas e voar: e você estará lá, em lágrimas dando tchau e esperando que ele seja feliz e apareça para pedir seu colo quando tudo ficar difícil e para comer aquele prato que só você sabe fazer!

Texto: Maristela Tavares Gonçalves

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Texto Original clique aqui

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