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Como trabalhar o controle emocional em crianças e adolescentes

Pais estão sempre preocupados com a saúde de seus filhos. Quando estes são crianças pequenas, então, qualquer tosse acende o sinal de alerta e faz com que saiam correndo para o pronto socorro. Mas tão importante quanto reparar na menor alteração física dos filhos, é ficar de olhos bem abertos na saúde psíquica deles, ainda mais na adolescência, fase complicada, em que o jovem precisa conciliar transformações físicas e emocionais com a pressão de estudos, o que não raramente gera problemas de autoconfiança.

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Autores do livro “Pais Saudáveis = Filhos Saudáveis”, publicado pela Editora Gente, o casal de médicos, Thanguy e Patrícia Friço, sempre se interessou por este tema da saúde emocional. Desde o início de sua trajetória profissional, procuraram se guiar pela filosofia de que a boa medicina deve ser exercida tendo em vista não apenas o diagnóstico e tratamento de doenças, mas a promoção da saúde, focada em quatro aspectos fundamentais: alimentação, atividade física, sono e controle emocional.

Incialmente, Thanguy e Patrícia acreditam ser melhor definir bem o que significa uma criança ou adolescente emocionalmente saudável, para que os pais consigam intervir de uma maneira eficaz quando detectarem algum problema no comportamento dos filhos. “Criança ou adolescente emocionalmente saudável não é aquele que não chora, tampouco é quem não se frustra ou se irrita, mas aquele que aprimora constantemente a compreensão sobre as próprias emoções”, explicam.

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Neste ponto, conforme os médicos, vale ressaltar o conceito de inteligência emocional – habilidade de reconhecer os próprios sentimentos, compreender os dos outros e saber lidar com eles. “Quando as crianças e adolescentes têm a inteligência emocional aprimorada elas encontram a serenidade e o discernimento necessários para que suas funções cognitivas trabalhem plenamente”, afirmam.

De acordo com Thanguy, sem fortalecer a inteligência emocional os jovens ficam muito mais suscetíveis a apresentar um quadro de desequilíbrio emocional, caracterizado por alterações de humor e facilidade de “sair do eixo”, ante acontecimentos negativos e imprevistos, mas cotidianos. “Alguns dos fatores, por exemplo, que podem causas desequilíbrio são: sobrecarga escolar; conflitos familiares; e a necessidade de se adequar aos padrões impostos pela sociedade moderna”, diz.

Patrícia destaca que a dificuldade em lidar com as próprias emoções pode acarretar uma série de problemas, não apenas emocionais como físicos aos jovens, e orienta os pais a prestarem atenção em alguns sintomas que podem indicar algum grau de desequilíbrio emocional. Entre os quais: problemas para se concentrar nas tarefas do dia a dia, irritabilidade exacerbada, descontrole, insônia, gastrite, dores de cabeça e na musculatura e depressão.

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A médica faz um alerta aos pais para que procurem também por sinais que mostrem que seus filhos possam estar apresentando quadros de ansiedade. “Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo professor Fernando Asbahr, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 10% das crianças e dos adolescentes já sofrem de ansiedade”, diz. Ou seja, a ansiedade nesse período da vida já é uma realidade, que pode se transformar em um problema sério se não controlada, pois prejudica o desenvolvimento e dificulta tarefas simples do cotidiano.

Entre os indícios de que crianças e adolescentes podem estar sofrendo de ansiedade estão: dificuldade para prestar atenção na aula, que não raramente culmina em notas baixas; cobrança excessiva e autocrítica muito forte; desconforto intenso em situações sociais, que podem ser expressadas por suor, gagueira e náusea quando o jovem necessita passar por um momento de interação social; inquietação emocional ao ficar longe da família, parentes ou amigos mais próximos; ações repetitivas, como mudar constantemente um objeto de lugar ou lavar as mãos em excesso, o que pode caracterizar o chamado transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e pensamentos intrusivos.

O mais importante a se fazer quando os pais identificarem alguns desses sintomas, conforme Thanguy, é agir naturalmente para que eles não se fechem ainda mais, dificultando a ajuda. Manifestar apoio e solidariedade nessas horas é essencial. Dessa forma, o médico sugere que os pais busquem primeiramente o diálogo. “Tente entender as causas do problema emocional que seu filho atravessa”, diz. Na conversa, aconselha Thanguy, os pais devem se mostrar dispostos a falar sobre medos e frustrações, escutando primordialmente o que o filho tem a dizer e mostrando a ele que está em um ambiente seguro.

Além do diálogo, o médico sugere que encontrem atividades e costumes que ajudem a aliviar os sintomas dos filhos e a melhorar o dia a dia deles. Segundo Thanguy, a prática de atividade física é uma boa aliada nesses momentos, pois libera o hormônio endorfina, muito importante no combate à ansiedade. Outro ponto fundamental é fazer com que o jovem tenha uma alimentação balanceada. “Isto é imprescindível para diminuir a probabilidade de transtornos alimentares ligados aos problemas emocionais típicos da infância e da adolescência”, declara.

Se nenhuma dessas ações for muito efetiva e os pais perceberem que o caso é mais sério do que imaginavam, o médico aconselha que procurem ajuda profissional. “Lembrando que o tratamento deve ser feito por um especialista da área, como um psicólogo ou psiquiatra”, diz.

Por fim, o casal de médicos ressalta a importância de acompanhar e resolver os problemas emocionais de crianças e adolescentes no seio familiar. Eles afirmam que é no lar onde acontecem as primeiras interações sociais, que são importantes para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional de uma pessoa.  “Por isso, é fundamental que todos os membros da família estejam envolvidos e preocupados em conviver de maneira agradável e sadia”, argumentam.

Entre os benefícios gerados ao desenvolvimento dos filhos pela saúde emocional familiar estão: melhorar a autoconfiança das crianças e dos adolescentes; proporcionar o sentimento de pertencimento e estreitar os vínculos; ensinar a lidar com as frustrações.

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Os médicos compreendem que, com o cotidiano atribulado da atualidade torna-se um verdadeiro desafio prestar atenção em todos os aspectos do desenvolvimento e das necessidades dos filhos, para assim manter toda a família emocionalmente saudável. “Porém, mesmo que não seja uma tarefa fácil, o esforço costuma valer a pena”, ressaltam.

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