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Maternidade deve ser vista como parte da vida profissional das mulheres

A headhunter Maria Eduarda Silveira e a consultora Michelle Terni alertam para a necessidade de ampliar o debate sobre o tema nas empresas

Num mundo com mais de sete bilhões de habitantes, chega a ser até curioso pensar que alguns paradigmas em relação à maternidade ainda insistam em reverberar no mercado de trabalho, como aquele de que a mulher com filhos não é tão produtiva.

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Sabemos que a maternidade é um divisor de águas na vida de muitas mulheres, sendo, naturalmente, uma fase que traz muitos questionamentos, não apenas sobre a vida com um novo filho, mas também sobre a carreira.

“Felizmente, é cada vez menor a distância entre a boa mãe e a boa profissional”, afirma Maria Eduarda Silveira, fundadora da empresa de recrutamento especializado e desenvolvimento organizacional Bold HR. “Obviamente, a tecnologia veio para ajudar muito neste cenário, mas também há outros aspectos importantíssimos que passaram a ser mais debatidos e tendem a gerar frutos, como a responsabilidade paterna perante à rotina dos filhos e a postura das empresas em relação a um formato engessado de trabalho”, complementa a executiva.

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O medo em relação ao período de afastamento, a sensação de ter ficado desatualizada ou a insegurança em relação à disponibilidade da posição que se ocupava previamente à licença na empresa, são exemplos de pensamentos que pairam constantemente na cabeça da mulher. Ao voltar à rotina de trabalho, ela se desdobra para evitar qualquer atraso ou deslize que possa estar associado à maternidade ou que passe a mensagem de que ela não está dando conta.

Segundo a pesquisa “Mapeando um ambiente pró-família nas organizações”, desenvolvida pela Filhos no Currículo, consultoria de impacto focada em ampliar o diálogo da parentalidade dentro das empresas, sustentar a amamentação após o retorno da licença é a maior preocupação para 50% das mães entrevistadas. Cuidar das suas necessidades físicas e emocionais, cuidar do bebê e conseguir construir um vínculo forte com ele, também estão entre as principais preocupações.

Ao elencarem as políticas e processos mais desejados na criação de um ambiente de trabalho pró-família, 85% dos liderados com filhos (e em sua maior parte, mães), apontou a jornada de trabalho flexível como o principal desejo.

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Para isso, Silveira alerta: “flexibilização não significa baixo resultado. Ao contratar uma mulher com filhos, é possível que ela precise de mais flexibilidade, o que não significa que ela não terá produtividade e condições de cumprir suas entregas. O ideal é que as empresas e líderes trabalhem mais com o resultado e menos com controle”, explica a headhunter.

Romper com vieses inconscientes é fundamental para evoluir neste assunto, inclusive no que tange os aspectos de saúde emocional. Erica Siu, CEO da Caliandra, consultoria de cuidados com saúde mental no trabalho, conta que “não é segredo para ninguém que a jornada de trabalho da mulher vai além do âmbito profissional, especialmente após a maternidade. O cansaço é inevitável e, ainda assim, elas permanecem firmes e fortes tocando todas as atividades, o que pode acender um sinal de alerta para a saúde mental. É importante que elas estejam atentas e não esperem chegar em seus limites para agir. Neste contexto, as empresas podem ter um papel muito importante para a identificação destas questões, já que passamos grande parte do tempo no ambiente de trabalho”.

Debater abertamente estas questões e de forma ampla, envolvendo diferentes grupos, é o único caminho para a quebra de paradigmas. Ainda vemos pessoas que culpam a mulher que diz que está ocupada ou não pode ir a uma reunião por conta dos filhos, mas enaltece o homem como um grande pai numa situação similar.

Para Michelle Terni, cofundadora da consultoria Filhos no Currículo e idealizadora da pesquisa sobre ambiente pró-família nas organizações, ainda existe uma sobrecarga para essas mulheres no que se refere aos cuidados parentais. “A realidade começará a mudar quando as empresas ampliarem a pauta, deixando de julgar somente a mulher, e passarem a abrir diálogo e propor benefícios e políticas para acolher toda a família, em seus vários formatos possíveis”, destaca.

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Por isso, a participação das empresas também é importante como uma forma de educar e mostrar caminhos viáveis aos funcionários que vivem a parentalidade. Escutar o colaborador, oferecer flexibilidade e apresentar pautas para trabalhar esses vieses com seus times são aspectos que permitem às mulheres trilhar uma carreira de sucesso e também serem a mãe que desejam ser para os filhos. “É importante ter empatia, falar sobre o assunto e enaltecer mulheres mães que fazem um trabalho extraordinário dentro de suas estruturas. A maternidade é algo bonito, positivo e que deve ser olhado como parte da vida profissional da mulher”, conclui Silveira.

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