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Relato de Parto Danusa, mamãe do Gabriel

relato de parto Danusa - Família

“Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer”. Dr. Michel Odent

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Meu sonho de ser mãe é presente na minha vida desde criança, e desde criança eu me visualizava tendo um bebê na banheira. Nunca cogitei ter um bebê no hospital (salvo uma gestação de risco ou alguma urgência). Não tinha sentido pra mim algo tão sagrado e milagroso acontecer em um lugar que é destinado para cirurgia e tratar de doenças, em uma sala fria, com pessoas geralmente desconhecidas, e pior ainda, saber e ver depois com os estudos, que os partos hospitalares são repleto de intervenções e protocolos desnecessários e zero de abertura para o protagonismo da mulher. Deixo claro aqui que eu não julgo de forma alguma quem defende e opta por hospital. Estou falando somente do meu ponto de vista e reconheço a importância dos médicos e que as cesáreas e partos hospitalares salvam muitas vidas!

Outra inspiração da minha vida para esta escolha é a minha vó materna. Vó Alzira foi parteira e presenciou mais de 3mil partos! E com muito orgulho ela fala que “nenhum morreu na minha mão”.

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A gestação

Então, após um detox orientado por um médico com especialização em Ayurveda, com o intuito de potencializar a fecundação e também equilibrar nossa saúde, Gabriel Luz veio através de uma concepção consciente e planejada. Na primeira tentativa já sabíamos que ele havia sido concebido, foi muito emocionante.

O tema Ciência do Início da Vida, Ayurveda (Ciência da Vida) e o próprio Renascimento (Rebirthing) já são há cerca de 4 anos temas de nosso estudo e trabalho, principalmente pro Nando.

A gestação toda foi de muita dedicação. Buscamos profissionais que estivessem alinhados com nosso propósito, estudamos o tempo todo (livros, filmes, documentários, troca de ideias com outras mulheres). Pratiquei yoga para gestante desde a 13º semana, busquei ouvir mais mantras e música clássica. E na reta final: acupuntura, massagem com pindas – uma terapia ayurvédica (para melhorar minha absorção do ferro), massagem abyanga e floral para ajudar na ansiedade e proteção com a maravilhosa naturologa Fernanda Fock..

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Sobre os profissionais: montamos um “super time”, e faço questão de dizer isso porque é muito importante você se sentir apoiada. Por mais emponderada que eu estava na decisão, era necessário ter comigo pessoas com diferentes capacitações e que estivessem alinhadas com minhas escolhas.

Optei pela equipe de parto domiciliar Bem querer (de Joinville), a doula Elaine (de Massaranduba) e o médico-obstetra Dr Paulo (de Brusque). A Dra Estefanie (de Jaraguá) que por fim tornou-se muito mais que uma excelente médica e acupunturista, a terapeuta Helena e Simone também me deram suporte constante e são verdadeiros anjos na minha vida.

Era importante pra mim também o apoio dos meus pais. Eles nunca se opuseram, mas levou um tempo para que eles aceitassem de coração a nossa decisão do parto domiciliar. E foi um tremendo alívio quando eles entenderam e me apoiaram.

Nós preparamos todo o Espaço Inspire (onde trabalhamos com yoga, terapias e meditação) para realizar o parto lá, pois nosso apartamento é muito pequeno. Montamos um altar, fizemos o chá de bênçãos lá, deixei lá a mala maternidade com plano de parto (fiz inclusive o plano de parto hospitalar caso necessário). Etiquetei tudo o que a equipe talvez fosse precisar usar na cozinha…enfim, o cenário perfeito para a chegada do Gabriel!

Porém… não foi bem assim que aconteceu.

O trabalho de parto

Estávamos na 39 semana de gestação e até então nada de inchaço, contrações (apenas aquelas sem dor aonde a barriga fica toda dura), dor na lombar ou qualquer peso. Eu desconfiava que seria a partir da 40 semana.

Após uma caminhada noturna na sexta dia 29/12, o tampão (líquido mucoso que protege o colo do útero) saiu. Dia 30 eu comecei a sentir as contrações que eram mais como cólicas bem esporádicas. Estávamos na casa dos meus pais e até perguntei pra Elaine se era possível a bolsa ter estourado na piscina e eu não ter percebido kkk. Mas nada da tal da bolsa estourar.

Já na madrugada do dia 30 para dia 31, comecei a sentir a partir das 4 da manhã as contrações mais ritmadas e muitas idas ao banheiro. Fui anotando num papel ao lado da cama e percebi que existia uma regularidade, 1 contração de 45s a cada 10 minutos. Eram chatinhas, mas bem suportáveis. Elas foram ficando um pouco mais intensas ao longo do dia. Nando foi mantendo a equipe informada. Eu estava sem fome (milagre! Hehe) e cheguei a vomitar algumas vezes até não ter mais nada.

Eu estava resistente em chamar a doula e a equipe porque não queria atrapalhar o ano novo delas, vai que era um alarme falso e a coisa ainda ia se perdurar…rsrs Mas quando começo a ficar mais forte e também uma seguida da outra, Nando pediu para elas virem me ver. Fomos então para nosso apartamento para esperá-las no aconchego do ar condicionado. (afinal de contas verão em Jaraguá..)

Cerca de 1h depois a Elaine (doula) e Gisele (uma das enfermeiras da equipe) chegaram (isso era umas 19h eu acho). Eu estava na cama, respirava fundo e me concentrava nas contrações, às vezes optava por ficar de quatro ou deitada de lado, minhas pernas às vezes tremiam….e quando elas passavam era como se nada tivesse acontecido e nestes intervalos íamos conversando ;)

Nando foi para Inspire ligar o ar condicionado da sala principal e ir arrumando as coisas para nos receber para o parto. Porém, a fase ativa foi muito mais rápida que a latente (que eram aquelas contrações de 10 em 10min…).

A fase ativa do parto

 

A Elaine me fazia massagem, aromaterapia (eu tinha muita azia), a Gisele via minha pressão, batimento do bebê (quando ela conseguia, claro porque quando eu estava nas contrações não tinha como). Ambas me traziam muita segurança e amparo e eu me mantive tranquila apesar das fortes dores. A Gisele me pediu se podia fazer o toque para termos uma ideia de como estava a dilatação, eu estava meio resistente, afinal, dizem que é dolorido e vai que a resposta seria desanimadora. Porém, o estágio final é 10 e já estávamos em 9, tanto é que nem senti incomodo com o toque.

Decidimos que não valeria a pena ir até a Inspire! Hahaha

Quis fazer xixi e nisso, na privada a bolsa rompeu! Fiquei com receio do bebê nascer ali e fiquei de cócoras no chão do banheiro. Depois consegui dar uns passinhos até o quarto e fiquei de joelhos no chão em cima de um travesseiro e os cotovelos na cama. As duas me amparando o tempo todo e nada do Nando voltar. Eu às vezes gritava Deus, e lembrava muito de Mãe Maria. Ela me trouxe muita coragem com certeza.

E foi aí que começou a verdadeira partolândia – momento que a mulher acessa a natureza instintiva, mais selvagem e nada mais importa! Eu gritava e era maravilhoso gritar e sentia uma força descomunal. O Gabriel estava coroando (com a cabeça quase saindo), mas a ardência não me importava mais, na verdade me dava poder porque sabia que estava quase. O Nando chegou e logo depois Gabriel Luz nasceu! Às 21h30 a luz de velas e ao som de Ave Maria versão Ashana. A Elaine o pegou e já colocou nos meus braços.

Eu olhava pra ele, sem acreditar que tinha vindo de dentro de mim! Ele chorou um pouquinho, mas quem chorou mais foi o Nando! Haha 

Ficamos na cama, com ele no meu colo um tecidinho protegendo, e o restante da equipe Bem Querer chegou (Rosi, Sandrine e logo depois Arnildes). Foi uma festa!carimbo da placenta - Relato de parto Danusa

E após o parto

 

Alegria sem tamanho! Eu me sentia maravilhosamente bem e realizada. A placenta ficou conectada entre a gente por cerca de 40 minutos. Devagar a Rosi ajudou a sair e depois ela me deu uns pontinhos, isso porque me empolguei tanto na força de expulsão que chegou a lacerar um pouco. Mas nada comparado a uma episiotomia (que hoje já se entende como violência obstétrica).

Nando cortou o cordão umbilical. Elaine carimbou a placenta com o próprio sangue dela em um cartaz.

Brindei o Ano Novo com um smothie rsrs de suco de uva com um pedaço da placenta que ajuda a repor os nutrientes e dá uma melhor qualidade pro puerpério. Comi um pouco da sopinha delicia que minha mãe fez. Congelamos a placenta para fazer demais medicinas (tintura, homeopatia, pomada, cápsula).

Elas aplicaram ocitocina em mim, vitamina K no Gabriel, depois de um bom tempo tiraram medidas, peso, e demais exames básicos. Nada de colírio e aspirar que também não tem necessidade e são super invasivos para o bebê. Ele nasceu com 47cm e 2,800kg. A pele avermelhadinha, um pouco cabeludo (parece loiro) e olhos azul acinzentado (ainda vai definir).

Depois que eu tomei uma ducha, Gabriel estava com a roupinha, incluindo a charmosa fralda ecológica, chamamos meus pais que estavam mega ansiosos para vir. Eles chegaram por volta da 1 da manhã, foi um encontro muito emocionante. Gabriel Luz escutou atento e com os olhos bem abertos o vovô cantar para ele. A vovó chorava e se admirava com nossa força e coragem.

Gabriel Luz não pegou logo o seio, mas aos poucos com paciência e diversão fomos tentando e hoje a tarde (dia 01) ele mamou.

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Estamos cobertos com um amor sem fim. Ele chora pouco, dorme bastante, afinal foi um trabalho de parto pra mim e pra ele também! Gratidão filho por ter nos escolhido! Esperamos que você possa manifestar com espontaneidade toda a magnitude do seu Ser! E espero de coração que mais e mais mulheres sejam as protagonistas de seus partos e que eles sejam respeitosos, repletos de aprendizado, saúde e amorosidade.

Equipe Bem querer parto domiciliar - Relato de parto Danusa

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